Deus é Trindade porque é amor. E porque é amor, Deus é felicidade, “a felicidade que nos torna felizes”, como diz Santo Agostinho. A perfeição divina não se vive no modo de fechamento e isolamento, mas na doação, no amor. O Amor em Deus é a capacidade de sair de si; é a capacidade infinita de amar. Ele Se compadece do nosso sofrimento. Aí está a perfeição de Deus: na capacidade infinita de amar, a compaixão. Nosso Deus não é insensível aos destinos do mundo. Deus nos salva para que tenhamos relação com Ele e participemos da Sua vida. A vida eterna está no conhecimento de Deus: “que te conheçam a ti, único Deus verdadeiro” (Jo 17,3). A finalidade última do homem está na glorificação do Deus Uno e Trino e em ser acolhido na vida plena da Santíssima Trindade. A Trindade é o lugar de nosso repouso, de nossas delícias, que nos sacia plenamente. Sendo a Santíssima Trindade uma comunhão de amor, Ela criou o homem à Sua imagem, isto é, como ser de relação. Deus nos criou para participarmos de Sua comunhão trinitária, que se dá no amor mútuo, na entrega recíproca. O mistério trinitário não é o resultado de um pensamento humano nem uma crença que resultou de uma seita ou de um entendimento filosófico, mas é a essência da anunciação dos próprios Apóstolos, os quais viveram e ensinaram na experiência vivenciada da participação da vida divina: “O que vimos e ouvimos vo-lo anunciamos para que estejais também em comunhão conosco” (1Jo 1,3). Não devemos nos cansar de perscrutar Seu mistério, ainda que ele supere infinitamente nossas capacidades. Um dia, a sondagem irá cessar, e descobriremos que o ponto que atingimos é também berço de onde nascemos, mas só então o reconheceremos. |